22 OUT

Termografia Veterinária método para diagnóstico complementar

Fisioanimal

Termografia Veterinária

termografia uma palavra de origem grega: calor e grafia. É um método de diagnóstico complementar através de câmeras específicas, chamadas termógrafos, com a capacidade de captação e quantificação da emissão de ondas eletromagnéticas pelos corpos. Após a captação, os aparelhos de termografia convertem as informações em uma imagem com determinada escala de cores, com correlação à temperatura do local avaliado.

Este método tem amplo uso em áreas médica e não médica. É empregado com frequência na área militar, além de sua aplicação na engenharia para detecção de falhas ou aquecimento em equipamentos e estruturas, por exemplo. Na medicina, é um grande aliado na avaliação da dor e da inflamação, considerado padrão ouro para pesquisa científica. Considera-se um método não invasivo, de fácil empregabilidade e sem riscos ao paciente, o que possibilita o emprego até mesmo em animais agressivos e difíceis de serem manipulados. A imagem pode ser capturada a certa distância do paciente, e por isso também representa papel de destaque no auxílio diagnóstico para animais selvagens ou silvestres.

As câmeras utilizadas na área médica captam radiações nas faixas entre 7 µm e 12 µm, sendo que a pele humana emite um intervalo de 9,4 µm.  Algumas afecções que alteram a circulação sanguínea, como disfunções vasomotoras, edemas, inflamação aguda ou crônica, entre outros, podem ser percebidos por imagens térmicas, e assim aplicados para avaliar alterações estruturas de músculos, tendões, ligamentos, cápsulas articulares, articulações, pele e tecido subcutâneo, além de determinados órgãos. Há uma relação direta entre a presença de dor, edema e inflamação com alterações na temperatura da  superfície do local acometido, o que torna a termografia um ótimo auxílio diagnóstico, por exemplo, em claudicações e alterações inespecíficas.

Em medicina humana, a hipertermia local é relatada em doenças associadas à inflamação nas articulações como artrite reumatóide, artroses, tendinites e bursite, Síndrome de Dor Complexa Regional, quadros inflamatórios agudos ou crônicos,  além de alterações em ossos e tecidos moles. Em uma pesquisa na área de fisioterapia humana, Wu et al (2009) avaliaram 53 pacientes com dor coccígea, tratados com fisioterapia manual e diatermia por ondas curtas.  Os resultados mostraram que em escalas de dor houve redução de grau 6,15  para 2,70, com   valor  de   p<0,05,  e  na avaliação da  temperatura superficial  da  pele na  termografia  de 30,16°C  para   28,70 °C,  com   valor   de  p<0,05, o que evidenciou a correlação entre o grau de dor e a alteração na temperatura da pele.

Na medicina veterinária, destaca-se o uso na ortopedia e na fisioterapia como um método de fácil aplicação para direcionar o tratamento do paciente, além de avaliar a evolução do quadro (Formenton, M. R. 2015). É possível identificar tendinites, pontos gatilho miofasciais,  alterações em coluna como doenças do disco intervertebral, e até avaliar quadros  clínicos como displasia coxofemoral e de cotovelo.  Um estudo em cães condrodistróficos, comparou a capacidade de identificar quadros de hérnias discais com exames de ressonância magnética. Neste estudo, a termografia apresentou  90% de taxa de sucesso em diferenciar cães normais daqueles que apresentavam doenças discais, e 97% de sucesso em localizar a anormalidade do disco intervertebral na coluna (Grossbard et al, 2014).

A limitação da técnica se dá principalmente na dificuldade de avaliação em animais de pelo longo, onde em alguns casos é recomendada a tosa da região a ser analisada. Outro ponto a ser considerado é a preparação para captura da imagem. Recomenda-se que o animal esteja em repouso por pelo menos uma hora, longe do sol. Deve-se alocar o paciente em um ambiente controlado, como uma sala, durante 20 minutos, para que o animal ajuste-se ao ambiente. Não deve-se tocar ou palpar a área a ser analisada, para não gerar artefatos na imagem. Requer prática e treinamento do médico veterinário para a coleta adequada das imagens, e principalmente para sua interpretação, relacionada sempre a clínica apresentada pelo animal .

Texto escrito pela Dra. Maira Formenton, diretora clínica Fisioanimal.

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Termografia Veterinária

Figura 1: Imagem térmica de região de articulação escapulo-umeral de um labrador com histórico de claudicação inespecífica de membro anterior. Na imagem evidencia-se aumento de temperatura em região de tendão do músculo bicipital.

 

Para saber mais:

DE MEIRA, Leanderson Franco et al. Termografia na área biomédica. Pan American Journal of Medical Thermology, [S.l.], v. 1, n. 1, p. 31-41, ago. 2014.

Grossbard et al. Medical Infrared Imaging (Thermography) of Type I Thoracolumbar Disk Disease in Chondrodystrophic Dogs. Veterinary Surgery, 2014

FORMENTON, M. R. Eletroterapia e laserterapia no controle da dor e inflamação no período pós-operatório em cães submetidos a cirurgia de osteotomia de nivelamento do platô da tíbia: estudo prospectivo. 109 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2015.

Wu C-L et al The   Application   of  Infrared   Thermography   in  the   Assessment   of  Patients  With Coccygodynia  Before  and After Manual   Therapy   Combined  With   Diathermy. Journal    of   manipulative    and    physiological therapeutics 2009; 32(4): 287-93

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