Obesidade Canina: saiba quando o seu cão está obeso
FisioanimalObesidade Canina: saiba quando o seu cão está obeso
Dra. Maira Formenton, Médica Veterinária Fisiatra da Fisioanimal.
Quem resiste à fofura dos cães, não é mesmo? Sabemos que pode ser difícil reparar se o cão está ganhando uns quilinhos a mais, principalmente porque a maioria dos tutores pensam que isso não é problema. Mas, é muito importante estar atento: assim como nos humanos, o peso tem um grande impacto na saúde dos animais!
Hoje eu vou compartilhar com você algumas dicas que vão ajudá-lo a identificar se o seu cão está acima do peso e evitar diversos problemas de saúde que o seu peludo pode adquirir por conta disso.
Seu cachorro pode estar acima do peso e você pode não estar ciente disso
Algumas raças, como Pug, Beagle, Bulldog Inglês, Dachshund, Labrador, Cocker, Rottweiler, Terra Nova, Boxer, Pastor Alemão, Basset Hound e Shih Tzu, têm mais predisposição a obesidade. Essa tendência deve alertar os tutores para um cuidado ainda maior com a alimentação e a prática de exercícios físicos. Quanto mais preguiçoso e sedentário for o seu cãozinho, maior a chance dele ganhar peso e ter sérios problemas de mobilidade, cardíacos, pulmonares e articulares por conta disso.
Leia mais em Guia completo sobre a obesidade dos cachorros e gatos
Mas, como eu sei que o meu cão está acima do peso?
Como os humanos, o animal é considerado obeso quando está 15% acima do peso ótimo e possui acúmulos de gordura na caixa torácica, abdômen e base da cauda, além de uma marcante distensão abdominal.
Uma das maneiras de sabermos se o seu peludo está sobrepeso ou obeso é calculando o seu IMC (índice de massa corporal). Porém, o IMC nos cães varia de acordo com a raça e porte do animal avaliado. Cada cão é diferente e tem suas próprias necessidades de alimentação e exercícios, que variam de acordo com o seu tamanho e forma. Neste site você pode calcular automaticamente o IMC do seu cão, caso ele tenha uma raça definida: http://www.petmd.com/healthyweight.
Porém, é importante frisar que este cálculo é válido para você ter uma ideia prévia da condição corporal que ele se encontra. A forma mais segura de identificar se o seu peludo está ou não acima do peso e escolher o melhor tratamento é através de uma avaliação com o veterinário.
Caso você não queira utilizar este método ou caso o seu cão seja um SRD (Sem Raça Definida), você pode observar se ele aparenta estar sobrepeso ou obeso de acordo com as instruções e características que consideramos durante uma avaliação e que a Purina reuniu e disponibilizou para os tutores de um jeito acessível:
- COSTELAS
Mantenha o cão confortável e passe as palmas das mãos na caixa torácica dele, uma mão de cada lado. Observe como você sente as costelas, a coluna vertebral e os ossos pélvicos, verificando a presença de gordura. O seu cão deve ter costelas que se possam sentir com facilidade, com o mínimo de cobertura de gordura, ou seja, elas devem ser palpáveis sem uma cobertura de gordura em excesso.
- PERFIL
Fique no mesmo nível do seu cão e observe ele de pé, de um ângulo lateral. Verifique se as costelas, a coluna vertebral e os ossos pélvicos estão visíveis à distância. O abdômen (a parte inferior à frente das patas traseiras) deve ser dobrado para cima, para a sua pélvis, quando visto de lado.
- CINTURA
Observe o seu cão em pé de um ângulo superior. A sua cintura deve ser facilmente observada quando vista de cima (procure uma forma de ampulheta) e a sua dobra abdominal deve ser visível.
O seu cão está muito magro se:
- Tem costelas, vértebras lombares, ossos pélvicos e outros ossos proeminentes (aqueles que você pode ver a forma), que são visíveis à distância (exceto em raças com estas características, como os Saluki).
- As suas costelas, vértebras lombares e ossos pélvicos são facilmente visíveis . Estes não têm nenhuma gordura palpável, alguns ossos proeminentes, mas apenas uma perda mínima de massa muscular.
- As suas costelas são facilmente palpáveis (sentidas) e podem ser visíveis, sem qualquer gordura palpável a cobri-las. Os topos das suas vértebras lombares são visíveis, os seus ossos pélvicos e cintura são proeminentes.
- Afundamento na região da fonte, na cabeça, que pode indicar perda de massa ou desnutrição acentuada generalizada.
O seu cão está muito pesado se:
- As suas costelas são palpáveis, mas com ligeiro excesso de gordura a cobri-las. A sua cintura é perceptível vista de cima, mas não é proeminente. A sua dobra abdominal é aparente.
- Você pode sentir as costelas com dificuldade pois existe uma camada de gordura espessa. Há depósitos de gordura perceptíveis ao longo da sua área lombar e a base de sua cauda. A dobra da cintura é ausente ou pouco visível e não se vê o abdómen.
- As suas costelas não são palpáveis sob uma camada de gordura muito espessa ou apenas são sentidas se você aplicar uma pressão significativa. Há pesados depósitos de gordura sobre a área lombar e base de sua cauda. A sua cintura está ausente, sem dobra abdominal. A distensão abdominal é óbvia (a sua barriga é grande e está um pouco pendurada).
- Eles têm grandes depósitos de gordura sobre o tórax, coluna e a base da cauda. A sua cintura e dobra abdominal está ausente e têm depósitos de gordura no pescoço. Existe uma distensão abdominal óbvia.
Como manter um peso saudável?
Ajudar o seu cão a ficar em forma é mantê-lo saudável, feliz e cheio de energia. O controle da obesidade deve ser realizado pelo veterinário com a associação de diversos tratamentos. Por se tratar de uma doença que envolve fatores nutricionais, o seu amigo provavelmente vai precisar de uma dieta e de alguns exercícios físicos.
Na Fisioterapia, os exercícios mais indicados para um cão obeso são os feitos em solo, como caminhadas com obstáculos, exercícios de fortalecimento, associados a Natação e Hidroterapia.
Precisa de ajuda? Se você ainda tem alguma pergunta sobre o peso do seu pet e o bem-estar geral dele, entre em contato conosco ou agende uma avaliação na Fisioanimal.
Quer saber mias?
Confira abaixo um texto técnico escrito pela Dra. Maira Formenton para a Revista Nosso Clínico
A obesidade é o acúmulo de gordura em excesso em zonas de tecido adiposo, que pode comprometer a saúde do animal. O animal é considerado obeso quando ultrapassa 15% do peso ótimo, com importante acúmulo de gordura na caixa torácica, abdômen e base da cauda ( em cães), além de uma marcante distensão abdominal. É considerada uma doença nutricional de alta incidência em animais de companhia.
Diversos tipos celulares compõem o tecido adiposo, entre eles os adipócitos propriamente ditos, fibroblastos, macrófagos e células endoteliais. Além do estoque de energia, o tecido adiposo também é responsável pela síntese de adipocinas como a leptina e adiponedtina, que influenciam na ingestão de alimentos e no metabolismo do organismo. A liberação destas substâncias podem levar à resistência insulínica, que agrava o quadro da obesidade.
Na maioria dos casos, a obesidade é causada pelo excesso de alimentação ou exercícios ( gasto calórico ) insuficientes, ou ambos. O fator genético tem grande influência porém alterações hormonais também podem predispor, tais como hipotireoidismo, hiperadrenocorticismo e a própria castração.
O controle da obesidade deve ser realizado pelo veterinário através da associação de tratamentos. É essencial o diagnóstico da causa da obesidade( distúrbio metabólico, falta atividade ou excesso ingestão) para assim, direcionar o tratamento.
Para aumentar a taxa metabólica basal é necessário aumentar a massa magra. Os exercícios físicos ajudam nesta parte, aumentando o metabolismo basal e o gasto com a atividade muscular voluntária.
A reabilitação para animais obesos envolve inicialmente exercícios com hidroterapia e natação, para que não haja excesso de impacto e lesões articulares. Caminhadas em esteira aquática e natação com acompanhamento e aumento gradual são imprescindíveis. Da mesma forma, é necessário aumentar a atividade do animal em casa. Instruir o dono a brincar com seu animal , ou que o animal comece a se movimentar em casa, até mesmo com caminhadas leves em pisos rústicos ou grama. A atividade física deve ser diária.
Com o gradual emagrecimento, deve-se aumentar a carga de exercícios em solo com a introdução de esteira seca, exercícios de senta e levanta, obstáculos e caminhadas diárias de 10 a 15 minutos, duas vezes por dia.
A avaliação para incremento dos exercícios deve ser cuidadosa e feita pelo fisiatra, levando em consideração a condição física adquirida e a sobrecarga articular que ainda existe.
É assim essencial o programa de exercícios em um animal obeso, respeitando as limitações e exigindo o máximo possível para aumentar a taxa metabólica e o gasto energético, sempre associado à dieta balanceada.
Precisa de ajuda? Se você ainda tem alguma pergunta sobre o peso do seu pet e o bem-estar geral dele, entre em contato conosco ou agende uma avaliação na Fisioanimal.
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